O consumo de pornografia é uma prática difundida em todo o mundo, impulsionada pelo fácil acesso à internet e pela crescente disponibilidade de conteúdo explícito em diferentes plataformas.
Embora seja visto por muitos como uma forma inofensiva de entretenimento, especialistas alertam para os problemas associados ao consumo frequente desses conteúdos, que podem afetar a vida do indivíduo.
No entanto, os efeitos do consumo de pornografia não se limitam à esfera individual. Eles também podem ter impactos significativos em relacionamentos íntimos. A pornografia pode criar expectativas irreais sobre o sexo e o corpo humano, levando a frustrações e insatisfações sexuais quando essas expectativas não são atendidas na vida real.
A sexóloga clínica Mayara Magalhães (CRP 03/7914) explica como o consumo desses conteúdos pode interferir na percepção da realidade de cada pessoa. “Um dos grandes problemas do consumo de pornografia é a falsa expectativa que cria a respeito do sexo. Como muitas pessoas começam a assistir desde muito cedo e sem a devida orientação sobre sexualidade, acabam acreditando que as relações acontecem daquela forma. Sem um pensamento crítico, esperam repetir aquilo na cama, o que não vai acontecer”.
Essa ansiedade pode, inclusive, causar disfunção erétil no caso dos homens. “Com a pornografia, o homem aprende que precisa performar na cama. Ele acha que não pode falhar ou ejacular rápido, por exemplo, apesar de ser algo natural e que acontece com todos”, diz Mayara. “Isso se torna uma bola de neve: quanto mais ansiedade, mais falhas ou ejaculações rápidas, desencadeando uma disfunção sexual”.
Em geral, os homens são os que mais consomem esses conteúdos. O problema para a relação está no fato de que, se ele precisa do vídeo para se excitar e a mulher não gosta, eles ficarão em um impasse. “Se elas [as mulheres] não tiverem outros estímulos para sentir vontade de fazer sexo, podem perder o interesse em repetir o ato”, detalha Mayara.
Apesar de todos esses contras, é importante destacar que há casos em que a pornografia pode ser positiva para o casal, como alerta a especialista. Se ambos gostam de assistir aos vídeos juntos e a prática aumenta a excitação e o prazer, não há razões para tratar o momento como um tabu ou um bicho de sete cabeças. O que importa é que seja bom para os dois!
Falsas comparações
Um dos grandes problemas do consumo desse tipo de conteúdo são as impressões que ele gera dos corpos e performances dos atores, provocando falsas comparações. Mayara Magalhães detalha o que precisa ser levado em consideração. “Nos vídeos adultos, o homem tem um pênis imenso, está sempre ereto, tem desejo o tempo todo, entre outras situações que não condizem com a realidade. Esse material também desconsidera o prazer feminino, focando apenas na penetração, o que geralmente não é suficiente para fazer uma mulher chegar ao orgasmo”, explica.
Em caso de vício
A partir do momento que o hábito de consumir conteúdo adulto começa a atrapalhar a vida do casal, talvez seja o momento de buscar ajuda médica e profissional para lidar com o problema. É preciso observar ainda se, mais que a vida a dois, esse vício está atrapalhando a vida em geral. “A pornografia se torna um problema quando a pessoa deixa de realizar outras atividades importantes do dia a dia como trabalhar, estudar, sair com os amigos, se relacionar, para assistir os conteúdos e se masturbar”, explica Mayara.
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