O fato de que o sexo traz inúmeros benefícios para a saúde não é mais uma novidade para ninguém. E na performance dos atletas? Uma boa 'gozada' antes de competições pode atrapalhar ou ajudar no desempenho do esportista? O tema é polêmico e cercado por dúvidas.
Para alguns, o sexo antes de competições pode atrapalhar o desempenho dos atletas. Outros, por sua vez, defendem o ato. A discussão ganha cada vez mais força com a chegada da Olimpíada, competição onde 11.216 atletas, de 204 países, passam dias ‘confinados’ na Vila Olímpica para as disputas por medalhas.
Para início, é importante entender como o corpo reage ao sexo. Em um momento em que o nosso sistema passa por uma série de mudanças fisiológicas e hormonais, que contribuem para a experiência sexual e o prazer, a transa desencadeia durante todo o processo a liberação de hormônios como endorfina, responsáveis por contribuir para a sensação de bem-estar e alívio do estresse.
Ao Portal Massa!, o médico do esporte, Thiago Viana, deu todas as cartas sobre o assunto para que o tema seja compreendido de forma clara e sem tabu.
De acordo com o profissional, a mais recente meta-análise sobre sexo e esporte, de 2022, na qual foram avaliados os resultados de vários estudos, indica que o sexo não tem efeitos negativos no desempenho dos atletas.
“Em termos fisiológicos, o sexo não parece causar uma diminuição significativa nos níveis de testosterona ou em outros marcadores importantes de desempenho atlético de curto prazo. Além disso, não há evidências de que o sexo leve à desidratação ou à perda significativa de energia que pudesse comprometer o desempenho”, revelou Thiago Viana.
Já deixando claro que, cientificamente, pode, sim, se ‘jogar’ no sexo antes de competições, o médico do esporte destacou também que a situação pode ter uma variação de atleta para atleta. “Alguns atletas podem se sentir relaxados e até beneficiados emocionalmente pelo sexo, enquanto outros podem se preocupar com possíveis distrações ou diminuição do foco mental. Portanto, a decisão sobre fazer sexo antes de uma competição deve ser individualizada”, explicou o profissional.
Transar antes de competições pode trazer pontos positivos, como redução do estresse e melhora do estado emocional, mas é importante ficar ligado, porque nem tudo nessa vida são flores. Isso porque, é válido levar em consideração os pontos negativos que podem ser gerados, como distração mental, fadiga física e ansiedade, além de pressão adicional.
Com o entendimento de que as consequências da decisão de praticar sexo antes de uma competição deve ser considerada individualmente, o doutor Thiago Viana relatou sobre os conselhos passados para atletas que desejam fazer o ‘vuco-vuco’ antes de gastar toda energia nos jogos.
“O conselho geralmente dado para atletas que estão lidando com o desejo de ter relações sexuais antes das competições é considerar o equilíbrio entre o prazer pessoal e o desempenho esportivo. Ressalto que é importante se conhecer e entender como sexo afeta seu corpo e mente. Em última análise, não há uma regra universal sobre fazer sexo antes das competições”, finalizou o médico do esporte.
O que diz a sexóloga?
A sexóloga Raquele Carvalho, pós-graduada em Gênero e Sexualidade, reforçou ao Portal Massa! o fato de que as consequências da prática sexual antes de competições varia de cada atleta. No entanto, de acordo com a profissional, é necessário ficar ligado quando o ato acontece imediatamente antes de competições.
“Pensar na atividade sexual imediatamente antes do esporte, em especial se isso for intenso, pode sim cansar uma pessoa. Tem gente que, logo depois que goza, sente um cansaço. Sente sono. Tem outras pessoas que ficam mais ativas. Isso vai muito de uma pessoa para outra. Talvez, imediatamente, antes do esporte não seja muito indicado”, pontuou a sexóloga.
Para a profissional, é necessário que os atletas fiquem atentos à intensidade do sexo e no tipo de esporte praticado. "A intensidade e duração da atividade sexual também vai influenciar. Então, se é uma coisa muito intensa, isso pode resultar num cansaço, num gasto de energia maior e portanto numa fadiga. Também tem que se levar em consideração o tipo de esporte. É importante entender que existem variáveis que podem determinar aquela experiência sexual”, relatou Raquele.
A sexóloga evidenciou que, inquestionavelmente, cada pessoa é diferente, sendo assim, o que pode ser bom para um não necessariamente será para o outro. “Tem os prós e contras e esse impacto vai variar de acordo a cada pessoa. É importante que cada um conheça como funciona melhor para o seu corpo e para a sua mente. E também que esteja alinhado com os treinadores, com os profissionais de saúde”, finalizou Raquele.
Por fim, todas as evidências levam para o mesmo caminho: está liberado o sexo antes de competições. Mas, antes, é necessário conhecer o próprio corpo e analisar se irá afetar positivamente ou negativamente.
O que pensa o atleta?
Depois de ouvir especialistas, nada melhor do que entender a experiência de quem, por muitos anos, viveu a vida de atleta de futebol. O ex-jogador Nadson, ídolo do Vitória, soltou o verbo sobre como lidava com o tema na época em que jogava e como observa o assunto polêmico.
O ex-atacante declarou acreditar que cada atleta lida com o tema de forma individual, mas na opinião dele a prática sexual antes de competições não atrapalha no desempenho do atleta.
“Acho que cada um tem seu jeito, cada um tem sua maneira. Muitos acham que [atrapalha] sim, né? Por isso existe também a questão da concentração, justamente para evitar esse tipo de coisa, para estar mais focado no jogo. Mas, na minha opinião, eu acho que não atrapalha. Mas isso aí é particularidade de cada um [...] Cada atleta tem seu jeito de se sentir bem. E se é para se sentir bem que aquele atleta, que gosta de praticar para estar disputando competição, é porque ele já está acostumado a fazer isso.”, afirmou Nadson.
Em um tema que rende opiniões diferentes, o ex-jogador garantiu que a prática sexual antes de competições é algo discutido no meio do esporte. “Há muito tempo vem sendo falado sobre isso. Por isso que existe a concentração, na maioria dos casos para não beber, para não ter essa prática sexual antes de jogos, por conta de desempenho. E sempre teve esse estudo, sempre teve essa conversa, esse debate”, destacou Nadson.
Ainda de acordo com o ex-atacante, ao longo de sua carreira como jogador não houve nenhum pedido vindo de técnico para que ele não fizesse sexo antes das partidas.
“Isso está vindo agora, com mais frequência, até porque nós estamos em outra geração e é um futebol totalmente diferente da nossa época. Hoje, o jogador, o atleta, joga três, quatro jogos. Imagina fazendo essa prática sexual antes de treinamento, antes de jogos, aí vai desgastar bastante mesmo”, analisou Nadson.
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