
O mofo é um problema comum em muitos locais, mas seus riscos para a saúde são frequentemente subestimados. Esses fungos microscópicos proliferam em locais úmidos e mal ventilados, liberando esporos e substâncias tóxicas que podem afetar o sistema respiratório.
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A exposição contínua ao mofo pode desencadear alergias, agravar doenças respiratórias preexistentes e, em casos mais graves, causar infecções pulmonares e complicações sistêmicas.
A médica e pesquisadora em Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Bahia, Nelzair Vianna, especialista em doenças respiratórias, destaca que o mofo não afeta apenas a estrutura física dos espaços, mas também representa uma ameaça silenciosa à saúde.
“As doenças mais comuns incluem rinite alérgica, sinusite, asma e bronquite. Mas também observamos casos de pneumonia por hipersensibilidade, aspergilose e outras infecções fúngicas invasivas”, diz.
Nelzair pontua ainda que a exposição ao mofo também pode afetar outras áreas. “Há estudos que indicam uma possível relação entre a exposição a fungos e alterações cognitivas, de humor e até sintomas neurológicos”, explica.

A melhor forma de prevenção é o controle da umidade, com medidas como ventilação adequada, uso de desumidificadores e eliminação de infiltrações. Nelzair alerta que produtos como água sanitária podem remover temporariamente o mofo visível, mas não eliminam o problema na raiz.
Debate com seriedade e atenção
O tema será debatido, nesta sexta-feira (28), a partir das 14h30, no Fórum "Qualidade do Ar e Mofo nos Ambientes: Riscos para a Saúde Humana", promovido pelo Comitê de Saúde e Ambiente da Fiocruz Bahia (COMISA), em parceria com a Ecoquest e a Conforlab.
O evento, que será realizado no Auditório Aloízio Prata, da Fiocruz Bahia, no Candeal, contará com especialistas de diversas áreas e discutirá estratégias para prevenção e remediação dos riscos. A participação é gratuita, mediante inscrição prévia.
Nelzair reflete sobre a necessidade do tema ser cada vez mais debatido na sociedade, sendo levado a sério. “O debate vem ganhando força, especialmente após a pandemia de COVID-19, que trouxe mais atenção à ventilação e à importância do ar que respiramos. No entanto, ainda é um tema pouco valorizado, tanto na formação profissional, em políticas públicas e especialmente no cotidiano das pessoas. Precisamos incorporar a qualidade do ar como um direito à saúde, incentivando legislações, normas técnicas, fiscalização e campanhas educativas. Educação ambiental e capacitação de profissionais também são caminhos fundamentais”, disse a especialista.