
O jornalismo comunitário tem ganhado cada vez mais força em Salvador. A terceira edição do Mapeamento de Perfis de Bairros, divulgada nesta quinta-feira (20), mostrou que 37 páginas que retratam o cotidiano das comunidades da capital baiana já alcançam juntas mais de 1,4 milhão de seguidores no Instagram.
O número equivale a 60,6% da população soteropolitana, segundo o levantamento conduzido pela agência Comunicativa. Já em engajamento, quem se destacou foi o Valéria News, acumulando mais de 5,3 mil interações no período analisado.
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Luís Lago, coordenador do NORDESTeuSOU, falou sobre a importância do jornalismo comunitário e de pensar em quem consome esse produto. "É um desafio acessar todas essas pessoas, por isso saímos das redes e fomos para o jornal impresso, porque precisamos pensar que a internet não é acessível a todos. Nas comunidades nem todo mundo tem acesso a um plano de dados, internet em casa ou até mesmo um telefone celular", ressaltou.

Além de dar visibilidade às páginas e criar possibilidades de networking, a proposta do evento é estimular a profissionalização do setor e abrir espaço para novas parcerias, em especial as comerciais.
Marcelo Garcia, do portal Boca do Rio Magazine, acredita muito nessa possibilidade já que, segundo ele, o maior desafio de manter perfis como esses em atividade é o financeiro. "A gente precisa trabalhar com outras coisas para continuar trabalhando com o portal", disse.
"O mapeamento é importante porque nos coloca no radar das grandes empresas, e o mercado publicitário pode encontrar no jornalismo comunitário uma via para fazer uma publicidade, que vai atingir quem eles querem atingir e com um custo muito menor", destacou Marcelo.

O Mapeamento de Perfis de Bairro 2025 está disponível para download gratuito no site www.mapeamentocmtv.com.br.
Voz das comunidades
Para o diretor da Comunicativa e idealizador do mapeamento, Moisés Brito, a iniciativa reflete o fortalecimento de um segmento em plena expansão.
"Esses perfis não são concorrentes da mídia tradicional, mas complementares. Eles ampliam a pauta informativa, reforçam a conexão com os moradores e revelam um mercado emergente para jornalistas e comunicadores nas comunidades de Salvador", explicou.

O número de perfis participantes cresceu de 18 na edição anterior para 37 neste ano, evidenciando não apenas o surgimento de novas páginas, mas também a formalização e profissionalização das já existentes.
A professora do curso de jornalismo da Unifacs, Katia Borges, que participou do evento de lançamento, ressaltou o impacto social desse tipo de cobertura.
"A relevância das redes de comunicação comunitária está justamente em trazer novas perspectivas que não são geralmente contempladas pela grande mídia", destacou a professora. "Mostram o cotidiano real das comunidades, que não é só violência, mas também arte, cultura, trabalho e empreendedorismo. É sobretudo um exercício de cidadania", concluiu.
