Enfrentar um câncer de mama afeta o corpo, o cabelo, a rotina e as emoções de muitas mulheres. Enquanto as pacientes fazem o tratamento, a aparência delas ganha algumas marcas que mostram a força de quem tem batalhado arduamente pela própria saúde, mas a autoestima acaba ficando abalada. Nesta segunda-feira (13), um desfile especial para o resgate dessa autoconfiança foi realizado em Salvador.
O evento teve como tema “informação e cuidado transformam histórias”, e foi organizado pelo Hospital Português com sete mulheres que estão sendo acompanhadas na unidade médica da capital baiana. A iniciativa faz parte da campanha do Outubro Rosa e homenageou as pacientes, reforçando que elas são protagonistas da própria história e continuam empoderadas mesmo passando por um momento delicado.
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Segundo o Dr. Guilherme Falcão, oncologista do Hospital Português, o suporte dado a essas mulheres precisa ser amplo e acolhedor. A medicina avançou bastante nos últimos anos e os cuidados com a saúde mental passaram a ser grandes aliados durante o processo de tratamento contra o câncer. Ações como a do desfile são muito bem-vindas.
“A paciente quando entra num esquema de quimioterapia, cirurgia, que é uma coisa que vai trazer alterações no seu organismo, precisa não só do suporte médico e das medicações para diminuir os sintomas, tanto psicológicos quanto os sintomas de náuseas, vômitos, que são naturais do tratamento, mas também o suporte psicológico da psicologia, o suporte da farmácia oncológica, o suporte da própria enfermagem. Tudo isso é necessário para poder diminuir o impacto do tratamento”, disse ele ao Jornal MASSA!.
O especialista destacou que a jornada hospitalar pode ser muito desgastante para a mulher e por isso é importante incentivar a esperança de que os procedimentos são passageiros e a recuperação virá.
“Perda de cabelo, a diminuição do desejo sexual durante o tratamento quimioterápico, a questão da assimetria das mamas pós-cirurgia… Mas o que a gente tende a conversar com calma com a paciente, tanto no antes e no depois, é que isso é temporário. Ou seja, você tem como botar uma prótese na mama, você tem como fazer uma simetria das mamas. O cabelo que cai vai voltar depois. Então, isso tudo são coisas temporárias que são necessárias para o tratamento”, pontuou o oncologista.
O desfile e seus impactos positivos
Uma das homenageadas pela campanha, Erly Santos Ferreira, de 52 anos, subiu à passarela do desfile cheia de confiança e emoção. A servidora pública federal abriu o coração sobre os impactos positivos que o desfile e todo o apoio da equipe médica trouxeram para a vida dela e que também devem levar para outras pessoas.
“Para mim, a autoestima vai ser uma coisa de grande importância. Para as mulheres que tenham passado pelo tratamento, que tenham tido a necessidade de fazer uma cirurgia de um porte menor, uma cirurgia mais radical”, declarou.
Para Erly, o segredo para não se deixar abalar profundamente é se olhar no espelho com amor e carinho, respeitando cada fase da sua trajetória. “Quem se ama sabe se rever de uma nova forma, sabe se ver reconstruída, né? Então a gente precisa, na verdade, se olhar com amor. E foi isso, assim, que eu tentei fazer ao longo desse período”, disse.
Se olhar no espelho e procurar se amar como a gente está agora, sabendo que a nossa essência permanece
Mulher de fé, ela também falou que as crenças religiosas a ajudaram a enfrentar o câncer de cabeça erguida: “Depende muito também do nosso preparo emocional e espiritual também, porque a gente tem que ter fé. Fé, disciplina e o amor próprio”.
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Outubro Rosa
Mais do que um mês temático, o Outubro Rosa é um alerta para a conscientização da população. Assim como as campanhas de Setembro Amarelo e Novembro Azul, o propósito de mobilizar instituições e profissionais de saúde em todo o Brasil é reforçar a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
O coordenador do Centro de Oncologia do Hospital Português, Dr. Alberto Nogueira, reforçou a necessidade desse compromisso. “O Outubro Rosa é uma oportunidade para que nós possamos conscientizar a população da necessidade da prevenção e do diagnóstico precoce”, afirmou.
Ele apontou que pesquisas mostram que as chances de sobrevivência das pacientes que descobrem a doença mais cedo são maiores. “A doença metastática, a doença avançada, esses pacientes têm menos de 30% de sobrevida em 5 anos. Enquanto que nas doenças iniciais, estádio clínico 1 e 2, essas taxas passam de 80%”, explicou.
O Outubro Rosa é uma oportunidade de nós conscientizarmos a nossa população da necessidade da prevenção, da necessidade do diagnóstico precoce
Além do desfile, o evento gratuito contou com uma palestra educativa sobre a prevenção e diagnóstico precoce no câncer de mama, uma mesa-redonda sobre sexualidade após esse tipo de câncer, distribuição de brindes e um coffee-break.
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