O bodyboarder soteropolitano Uri Valadão sagrou-se bicampeão mundial de bodyboard, no último fim de semana, na derradeira etapa do IBC World Tour, disputada nas Ilhas Canárias, na Espanha, levando o país novamente ao topo mundial da modalidade. Emocionado com mais uma conquista aos 40 anos de idade, o baiano revelou qual a diferença entre os dois títulos, lembrando que o primeiro, em 2008, tinha apenas 23 anos.
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"A alegria é tanta quanto a primeira, porque a primeira vez eu era um garoto de 23 anos que não tinha muitas responsabilidades assim na vida. Eu só pensava em surfar e competir, em cuidar do meu físico, da minha mente. Hoje não, eu tenho um filho, tenho família para sustentar, grandes responsabilidades e a vida de adulto exige muito mais, te dá menos tempo também para conciliar com os treinamentos", declarou o número 1 do mundo, em entrevista exclusiva ao Portal MASSA!.
"É muito mais desafiador para mim, agora, voltar e conseguir esse feito do título mundial. Então, tem um gosto muito especial. A vitória realmente é algo que é muito emocionante, com 40 anos e ainda mais competindo com uma garotada mais nova, para mim realmente é uma sensação única", completou Uri.
Foram cinco eventos durante o ano para definir o campeão do Circuito Mundial: Marrocos, Itacoatiara, Iquique, Sintra e Frontón King - onde selou o bicampeonato mundial. "Esse ano, em especial, a disputa do título estava aberta e ficou ainda mais acirrada, porque tinham seis candidatos que teriam, matematicamente, possibilidade de título mundial. Mas eu estava liderando e consegui me manter na liderança até o final do evento", explicou Uri Valadão, que é torcedor do Bahia.
Preocupação com a "nova geração" baiana
Bicampeão mundial já com uma idade avançada, Uri está preocupado com o vem pela frente no bodyboard baiano. "A gente está com uma nova geração que, na verdade, praticamente não existe no momento, né? Está muito devagar, o esporte esteve em uma transição aqui no Estado e agora retomou a Federação de forma mais consolidada. A expectativa é que nos próximos anos a gente consiga, de repente, voltar a estruturar o esporte nesse sentido, de aparecer novos talentos, uma nova geração, que nesse momento praticamente não existe", disparou o atleta.
Em seguida, o experiente atleta destacou dois surfistas baianos que estão em evidência neste momento. Um deles, Gabriel Braga, de 30 anos, chegou às oitavas de final da etapa de Frontón King.
"A gente tem dois atletas assim que, para mim, são realmente destaques aqui na Bahia, que é o Gabriel Braga e o Lucas Rodrigues, lá de Ilhéus. O Gabriel, daqui de Salvador, tem viajado comigo, inclusive, para o Circuito Mundial, é um cara que tem muito talento, ele também fez parte da disputa do título, só que com chances menores matematicamente. E o Lucas Rodrigues tem dificuldade de conseguir viajar, questão de patrocínio e tudo, mas é um talento excepcional", pontuou.
Homenagem à tia Cris e gás para mais disputas
Uri dedicou o troféu do último fim de semana à tia de sua esposa, Cris Nunes, falecida em meados de outubro. Na ocasião, ele revelou que sentiu a sua presença durante a participação na competição.
"A gente tinha uma proximidade muito grande, teve a experiência de surfar comigo um dia na minha escola. Era uma pessoa muito próxima, então isso aí realmente foi duro, mas todo momento ali eu consegui reverter a tristeza, a perda, a falta, a saudade dela em força, porque ela faleceu de câncer, mostrou uma força surreal, uma das pessoas mais fortes que eu já conheci, e isso aí também me deu coragem pra enfrentar ali todos os meus desafios, que foram muito menores que os dela, que ela enfrentou", detalhou.
Unindo a sua experiência e o seu auge, Uri recebe vários pedidos para continuar surfando profissionalmente. E a boa notícia é que o campeão mundial pretende seguir firme nas competições e ainda não pensa em aposentadoria.
"Pra falar a verdade, eu não penso em parar, estou me sentindo super bem com 40 anos, a prova tá aí, o título tá aí (risos). Não me sinto fisicamente abaixo da galera nova, mentalmente, dispenso comentário também, acho que eu estou super bem e tenho treinado todos os dias. Eu tenho esse privilégio de estar todo dia dando aula cedinho, acordando cedo, me alimentando bem, cuidando do corpo, da minha mente e aproveitando pra treinar todos os dias e isso é uma das coisas que me fez chegar num nível altíssimo aí pra estar disputando o título mundial", finalizou Valadão.
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