Por Amanda Souza
Uma atividade essencial como o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) exige muita dedicação de seus profissionais. No entanto, muitas vezes, não há contrapartida.
Em Salvador, os motoristas do Samu estão reclamando de um atraso de cinco meses no pagamento da verba rescisória após o fim de um contrato.
No início do ano, em janeiro, os profissionais, que eram contratados em regime Reda, foram exonerados e assumidos pela terceirizada Ozz Saúde. O contrato, no entanto, foi rescindido em maio.
Em contato com o MASSA!, um dos condutores, que preferiu não se identificar, explicou que a situação já não começou muito bem. “Essa empresa, quando assumiu, logo de cara atrasou os salários”, conta. “Era uma empresa que já vinha com problema no sul do país, onde ela tem base do Samu, e a Prefeitura de Salvador escolheu firmar esse contrato mesmo assim”, completa o condutor.
Com esses problemas, o contrato foi rescindido, mas os profissionais não viram a cor do dinheiro até então. “Nós passamos para uma outra empresa e, até então, a Ozz não pagou as nossas parcelas rescisórias”, explica.
Além da falta de pagamento, os profissionais questionam ainda a falta de posicionamento e de diálogo por parte da Prefeitura de Salvador.
“A prefeitura não se pronunciou em momento algum. Estamos na Justiça, junto ao Ministério Público”, ressalta. “Formamos uma comissão, tentamos reuniões com o secretário, com a coordenação do Samu, mas ninguém diz nada”, conta.
Mas o problema não termina aí. Os profissionais alegam ainda medo de represálias ao cobrar uma solução: “Alguns colegas estão se omitindo por medo de serem demitidos”.
O Sindicato dos Condutores em Cargas Próprias do Estado da Bahia (Sintracap-Ba) moveu um processo contra a Prefeitura de Salvador e a Ozz Saúde em busca do pagamento das parcelas.
Erro repetido
Ao que parece, a Prefeitura de Salvador não aprendeu com o erro. Ainda de acordo com o condutor que procurou o MASSA!, a nova empresa terceirizada que assumiu os profissionais em maio também tem problemas com pagamento. “A empresa que nos assumiu vem cometendo os mesmos erros. Não paga em dia e ninguém toma uma providência em relação a isso”, explica. A insatisfação também reflete o cansaço dos profissionais, que caminham para completar um ano de problemas salariais: “Atrasa pagamento, ticket alimentação. Tá cada dia mais difícil. Nós trabalhamos em regime de 24h , 30 dias, e a empresa paga no dia que quer”.
Prefeitura explica situação e diz que grana tá bloqueada
O MASSA! entrou em contato com a Prefeitura de Salvador através da Secretaria Municipal de Saúde em busca de informações sobre a resolução do caso. Em nota, a Secretaria respondeu que “para assegurar o direito dos 283 condutores do SAMU que atuavam na empresa OZZ, a pasta realizou o bloqueio dos créditos devidos à empresa terceirizada. Esses valores foram depositados pela SMS em uma conta judicial no dia 13 de julho para o pagamento das verbas trabalhistas dos profissionais. No momento, o recurso está disponibilizado em uma conta judicial e aguarda a finalização dos trâmites legais junto à Justiça do Trabalho para serem repassados aos trabalhadores. Vale destacar que todo processo está sendo acompanhado pelo sindicato da categoria”
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