27º Salvador, Bahia
previsao diaria
Facebook Instagram
WHATSAPP
Receba notícias no WhatsApp Entre no grupo do MASSA!
Home / Viver Bem

Batalha interna - 20/11/2024, 07:00 - Jaísa de Almeida*

Entre o green e o red: histórias de apostadores na vida real

Apostadores e familiares contam sobre os impactos do vício ao Portal MASSA!

Para famílias de baixa renda, o impacto é ainda mais grave
Para famílias de baixa renda, o impacto é ainda mais grave |  Foto: Raphael Muller/Ag. A TARDE

O que começa como diversão inofensiva pode se transformar em um pesadelo. As apostas online, conhecidas como ‘bets’, têm ganhado cada vez mais espaço em Salvador, o que arrasta os jogadores para um abismo emocional e financeiro. Durante um encontro do grupo Jogadores Anônimos (JA), o Portal MASSA! ouviu relatos de quem vive na pele os danos desse vício.

Leia mais:

“É o novo crack” e “virou pandemia”: apostas deixam jogadores no abismo

STF analisa decisão que barrou Bolsa Família em apostas esportivas

“Estamos vivendo epidemia”, diz presidente da CPI sobre apostas

O problema vai além da perda financeira. É um ciclo vicioso: perde-se o dinheiro, tenta-se recuperar, e a rede negativa só aumenta. Para famílias de baixa renda, o impacto é ainda mais grave, afetando o pagamento de contas básicas e consumindo as economias.

Dinheiro de férias, 13° e mais

João (nome fictício), um dos participantes do grupo, compartilhou que chegou ao fundo do poço durante a pandemia, quando perdeu o salário inteiro em cassinos digitais.

“No início, ganhei um pouco, e isso me iludiu. Depois, comecei a perder tudo. Cheguei a gastar o meu 13º, o fundo de garantia e até o adiantamento de férias. Era sempre na esperança de um grande ganho, mas só me afundei mais”.

Aspas

Cheguei a gastar o meu 13º, o fundo de garantia e até o adiantamento de férias

Membro do Jogadores Anônimos

Atualmente, com carteira assinada e participando semanalmente do coletivo, ele recebe ajuda para recuperar a dignidade e reorganizar sua vida financeira. “A sensação de vitória é viciante, mas pagar minhas dívidas e reconquistar meu amor próprio tem sido uma vitória maior”, celebra.

Diversão x destruição

A dor, no entanto, não é sentida apenas pelos jogadores. As famílias também são profundamente afetadas. Laura (nome fictício), esposa de João, relatou como o vício do marido abalou sua rotina.

“Chegava em casa várias vezes e o encontrava do jeito que deixei pela manhã, sem tomar banho, sem comer. Foi um choque”, conta.

Aspas

É difícil explicar isso para quem está de fora

Esposa de um membro do JA


Para a mulher, o papel de apoio do JA mudou toda essa rotina. “É ali que encontramos identificação. Conversar com quem entende a situação é um alívio, porque é difícil explicar isso para quem está de fora”, reforça.

Os Jogadores Anônimos têm mostrado que, apesar de ser uma patologia incurável, a compulsão por apostas pode ser controlada. O grupo segue os princípios dos 12 passos, comuns em programas de recuperação, e também oferece suporte para familiares.

“Não existe remédio que cure isso, mas existe tratamento. Não podemos parar de buscar ajuda, porque somos doentes”, destaca um membro.

Sinais de compulsão incluem o abandono de responsabilidades
Sinais de compulsão incluem o abandono de responsabilidades | Foto: Raphael Muller/Ag. A TARDE

Descontrole

Para quem se torna compulsivo, nem sempre é fácil identificar o problema, muitos passam pelo estágio da negação. Alguns sinais, no entanto, podem ser percebidos. O Portal MASSA! traz uma lista com alguns destes comportamentos, então pegue a visão:

  • Deixar tarefas importantes de lado para apostar;
  • Aumentar os valores das apostas com o tempo;
  • Não conseguir parar, mesmo prometendo a si mesmo ou a outros;
  • Usar tempo e dinheiro nas apostas, negligenciando contas e obrigações;
  • Mentir sobre o jogo ou tentar esconder;
  • Apostar para fugir de problemas emocionais;
  • Ouvir de familiares e amigos que está exagerando no
Sinais de compulsão incluem o abandono de responsabilidades
Sinais de compulsão incluem o abandono de responsabilidades | Foto: Raphael Muller/Ag. A TARDE
  • tempo ou dinheiro gasto;
  • Ou até mesmo se isolar para jogar, abandonando a convivência.

Essa sensação é familiar para você? Então é hora de procurar ajuda. Grupos como o JA e acompanhamento psicológico são os primeiros passos para ressignificar emoções e evitar recaídas.

No fim das contas, a lição é clara: não dá para brincar com a sorte quando o preço a pagar pode custar a sua vida inteira.


*Sob a supervisão do editor Pedro Moraes

exclamção leia também